EXÚ GUARDIÃO


Um pouco de nosso querido Exú Guardião, que tanto tentaram liga-lo a tantos conceitos do mau, que entretanto, a cada dia que passa, se despensa essa injustiça e que não corresponde com a verdade, a respeito de nosso grande amigo e controlador das pilastras da Criação e do Universo, verdadeiro cobrador do carma e proporcionador incontestável do tão ensinado livre arbítrio.

O Grande Guardião da Luz!
"Soltei um pombo na mata
Mas lá na mata não pousou
Foi pousar na encruzilhada
Foi Tranca Rua quem mandou"
Axé!

"O sino da Igreja faz delem, delon, delem, delon
Deu meia-noite o galo já cantou
Seu Tranca Rua que é o dono da Gira
Oi corre gira que Ogum mandou".

Muitos infelizmente ainda acreditam que nossos amigos Exús são Demónios, maus, ruins, perversos, que bebem sangue e se satisfazem com as desgraças que podem provocar.

Por milénios seguimentos contrários ao conhecimento e a evolução depredaram o fenómeno divino Exú, tentando faze-lo mau e atribuindo-lhe conceitos e definições que só interessavam aos seus propagadores, criando Demónios e Diabos para defini-los, injustamente e de mentira ímpar.

É ali no mistério Exú, que exerce o homem o seu verdadeiro livre arbítrio, falando com todas as vozes que possui seu coração, sejam elas boas ou não, desejos de todos os tipos, procurando-os muitas vezes para tentar satisfazer desejos mesquinhos e de nenhuma importância para a evolução a não ser para si mesmo, pedindo àquele verdadeiro Guerreiro da Luz e condutor do homem o mau que muitas vezes ajudou a propagar, e a debitar na conta desses nossos queridos amigos e protectores.

O mal sabemos nós e está no desejo do homem e não no universo, esteja ele manifestado seja da forma que for. A história dá conta de sacrifícios de toda ordem perpetrado pelo homem ao longo de sua existência, sem se dar conta sequer do que fazia ou ainda da importância que aquilo mantinha para o universo como um todo, enchergando apenas o universo limitado de seu próprio ser. Pessoas foram mortas e lançadas à humilhação em nome de Deus, e, o Diabo que é ruim é o Exu que faz o mal.

Esta na hora de desmistificarmos a figura de Exu e derrubar definitivamente esses conceitos que não procede. Exu é o princípio dinâmico e a realização, Exú é o homem em movimento, é seu desejo manifestado, é aquilo que ele é! Exu, é o exercício sem barreiras de sua vontade e do livre arbítrio do próprio homem.

Na antiguidade, usavam-se chifres em Divindades para de mostrar sabedoria e importância. Até hoje ainda se cultuam Deuses com chifres para demonstrar seus valores divinos e seu saber. Segmentos de muitas espécies perseguiram os cultos pagãos, impingindo praticas diabólicas, quando na verdade jamais as praticaram. A história do mundo mostra com clareza a importância dos cifres nas Divindades que cultuavam e que ainda algumas culturas pagãs cultuam com sabedoria.

Não nos parece que o contexto criador determinou formas ou nos mandou avisar de como deveriam ser as aparências dos bons e dos maus, no entendimento do homem. É preciso que o homem entenda de uma vez por todas que não é o centro do universo e nem o único ser inteligente criado por Deus e que o factor divino, bem como seus desdobramentos no universo e sua corte Superior Divina é constituído de Divindades puramente divinas e seguem toda uma estrutura capaz de administrar as obras de nosso Divino Incriado, sob pena de nos tornarmos produto de nossa própria limitação, em face do infinito eterno.

Alguns temas interessantes nos são trazidos pela história e acabam informando melhor muitas coisas acontecidas e algumas que até hoje caminham entre nós. Como compreender melhor algumas das restrições feitas a Exu e que acabaram tomando corpo errado e definindo conceitos inexistentes e sem fundamentos. Como já disse, muitos acreditam que nossos amigos Guardiães são Demónios, maus, que bebem sangue e se regozijam com as desgraças que podem provocar.

Na verdade o mau ou o bem, como já afirmamos é produto da vontade e da evolução do próprio homem e Exu esta acima do bem e do mau, seguimento esse pertencente ao segmento da evolução humana, o que não quer dizer que Exu não os conheça em seu mistério. Muitos deles outrora, foram cultuados como Deidades ou Deuses, outros caíram e repuseram-se retomando seus mistérios e engajaram-se na luta já descrita e nos seus mistérios invertidos e que compõem o todo de qualquer mistério existente respectivamente aos seus ou de suas actuações e continuaram suas caminhadas.

Mas porquê este Orixá, irmão de Ogum e de Oxossi, filho de Yemanjá, animado, brincalhão, alegre, extrovertido e acima de tudo amigo leal, fiel companheiro é comparado com Demónios e Diabos em suas práticas de maneira injusta e irreal.

A bem da verdade mais uma vez nos demonstra a história através dos acontecimentos que muitos factores contribuíram para isso, especialmente aqueles cuja influencia de antigos povos, concentrou no homem a ideia fixa de prover o bem e o mau, levando-o a acreditar que todo tipo de prática que escapasse ao seu conceito de bom ou mesmo que levasse nomes, muitas vezes por ele mesmo fabricado, que não representasse o socialmente aprovável, era ruim e carregava o Demónio em seus louvores. Infeliz falta de informação e conhecimento e que custara ao mesmo homem em tempo diverso muito tempo para consertar.

O desconhecido sempre foi alvo de medo, até que se tornasse conhecido pelo instrumento eficaz do conhecimento e da informação. A necessidade de guias para leva-los ao Divino, tornou parte desse contexto, constituindo-se em grandes massas, dirigidas por teorias e limitações que seus próprios eleitos definiam.

Os males da vida e locais que não mantinham origem natural, como catástrofes e outros tantos, eram atribuídos ao mundo da demonologia e dos Diabos. Os tidos então como feiticeiros utilizavam-se para combater as forças da escuridão e do mau, rituais onde precisavam conhecer nomes de vários Demónios, construindo grandes listas, o Demónio mau era no minado como Utukku de maneira genérica, mantendo-se um grupo de sete Demónios maus, como os mais evocados, e, se dividiam entre machos e fêmeas, sendo uma constante nos antigos encantamentos.

Eram mantidas e divulgadas suas aparências com formas de meio humanas e meio animais, cabeça e tronco de homem ou mulher, prosseguindo com formas animais e garras, em alguns casos. Dão conta escritos que o sangue era o alimento predilecto, contudo aceitavam outras oferendas também e frequentavam exactamente túmulos, lugares ermos, etc., mantendo uma frequência nocturna. Fora isso, mantinham também os Demónios assim entendidos então, bons e que eram chamados para guerrear com os maus, que tinham suas representações como génios guardiães, também em número mais comum de sete, que guardavam seus templos, cemitérios, etc.

Desta forma, se vasculharmos mais, encontraremos muitos casos onde a possibilidade de influencia nos segmentos e praticas ritualistas não compreendidas, deram ensejos a entendimentos errados e incompletos, levando através do caminho do preconceito e das restrições, muitas interpretações distorcidas e utilizadas para explicar o desconhecido ou o que atrapalhava os interesses. É certo também, que a falta de maior vivência com as culturas pagãs, pelos povos mais modernos e afeitos a outros segmentos, também ensejou entendimentos completamente errados, inserindo no seio mundial, injustiças e interpretações de toda ordem a respeito dessas divinas culturas, que no seu seio comum durante milénios e até hoje só trouxeram sabedoria e benefícios incomuns ao homem e a Terra, proporcionando conhecimento e informação.

Bem, voltando ao nosso tema principal, mesmo aqui em África não se justifica diante de tanta importância e conhecimento que já se obtém hoje, manter-se imagens de Exús com tantas distorções e formas que ao nosso modesto entender não reflectem a realidade, muito embora compreendidas e simbolicamente definidas, muitas delas demonstram o que exactamente tenta se combater em relação a nossa comunidade social e também religiosa, pretendendo que conheçam exactamente a beleza natural que ela possui, fato que deveria ser revisto e estimulado entre os nossos, levando a público o que realmente são, sem interferências de outras culturas em nosso seio.

No passado remoto, vimos quantas injustiças foram cometidas com nossos ancestrais e adoradores de Orixá, quanta perseguição sofreram por falta de respeito a uma cultura de tantos milénios e que jamais representou o mau ou relação com a demonologia, apartando-se de conceitos como o bem e o mau para designar seus Deuses, ao contrário sempre cultuados como Divinos que são.

É sabido que os negros africanos, em suas danças nas senzalas, nas quais os brancos acreditavam tratar-se de forma simples de saudação de seus Santos, incorporavam alguns Exús, com seu brado e jeito maroto e acabavam por assustar os brancos que se afastavam ou agrediam os médiuns dizendo que eles estavam possuídos por Demónios.

Com o passar do tempo, os brancos tomaram conhecimento dos sacrifícios que os negros ofereciam a Exu, o que reafirmou sua hipótese de que essa forma de incorporação era devido a Demónios, fato lamentável e confusão injusta, o que não deseja retirar o respeito ou o valor àqueles que assim agem, por sermos livres e portadores do tesouro divino do livre arbítrio, que nos foi doado pela Criação. E assim tantos outros entendimentos incompletos ou errados foram inserindo-se no convencimento do homem que suportado por interesses de alguns segmentos, medo ou mesmo desinformação, foram formando um grave erro acerca de seu verdadeiro contexto.

Mas então quem é esse Guardião?

Como todos os outros responsáveis pela estrutura universal e parte dela, actuam no divino fenómeno Exu, postando seu mistério é manipulando-o como um verdadeiro Guardião da Luz. Longe de desejarmos promover qualquer definição ou classificação sobre Exu ou Guardiães, cuja informação é vasta e muitas outras obras já dão conta disso, apenas nos detivemos nas considerações gerais a seu respeito, máximo, tratar-se esse trabalho da vida e obra do Sr. Exu Guardião Tranca Rua, bem como de seu campo de actuação.

Desejando também estimular nosso povo no sentido de desmistificar a figura de Exu, tanto quanto for necessário, uma vez que trata-se de um Guardião magístico, cuja actuação entre os ele mentais e os elementos universais é deveras suprema, dando conta de uma missão interminável, suportando caídos, desfazendo magias, habitando a escuridão, sustentando a Luz e preservando os pilares tão desgastados por conta de dogmas, rituais e actividades insustentáveis por conta daqueles desejosos do pseudo poder humano.

È o Guardião dos Caminhos, companheiro dos Pretos Velhos, Caboclos, aparador entre os homens e os orixás, lutador incansável, sempre de frente, sem medo, sem mandar recado. Senhor da escuridão e do plano negativo actua dentro de seus mistérios, regendo seus domínios e os caminhos por onde percorre a humanidade. Não há como se desejar promover uma ordem de valores como pretendem alguns, entre o negativo e o positivo, desejando assim fazer um juízo de valor inconsistente e impraticável.

A ordem de valores não nos cabe a nos sabemos que a verdade foi lançada ao homem de maneira fragmentada e por diversos segmentos e caminhos, religiosos ou não e assim devem ser respeitadas, uma vez que a verdade absoluta só a Deus, o eterno Criador pertence.

Tudo o que existe no plano positivo, mantêm-se proporcionalmente igual e de forma correspondente no plano negativo e assim é que será por todo o sempre, pois sempre que nasce algo novo é reflectido (espelhado inversamente) e imediatamente, no plano negativo, não há como se criar em apenas um plano, a criação é única e alcança todos os seus correspondentes de existência universal na mesma proporção, medida e força de instalação do fenómeno da criação, sendo assim, no plano negativo nada se cria em sua própria plenitude, na verdade se transforma e se instala como razão própria de sua própria razão original e propulsora, exaurindo-se em sua real origem de início, é o "Princípio" activo e único da Criação, ORIGINAL E EXAUSTIVA, porque tudo emana de uma só origem alçando o patamar Divino da criação, imediata e unicamente existente.

Não existem planos separados e adversos, mas sim correspondentes e que se complementam na razão única de si mesmos, denotando a unicidade do absoluto, o universo como um todo. As adversidades existentes não se confundem com o plano único de origem de tudo e de todas as coisas, (Poder de Criar), exaustivos em si mesmos nos desdobramentos divinos do fenómeno criador.

"Exú pode ser o mais benevolente dos orixás se é tratado com consideração e generosidade".

Assim é Exu
Assim é o Guardião
As vezes alegre;
As vezes assustador;
As vezes temido;
As vezes amado;
Mas sempre ouvidos a quem quer que seja;
Sempre leal aos seus amigos;
Honesto com seus cultuadores;
Com batedor da maldade no mundo;
Sempre forte e destemido;
Gozador e franco;
Sustentador do livre arbítrio do homem;
Muitas vezes renegado;
Mas sempre chamado!
Assim é Exu!
Assim é o Guardião!
Salve Exu!